Haddad demite 2 subprefeitos do PMDB e partido marca reunião para deixar governo


Mais uma vez, uma prática deplorável, porém recorrente na atividade partidária, coloca interesses políticos acima dos interesses dos cidadãos: a troca de subprefeitos, por motivações sempre obscuras, compromete o já combalido poder local, quebrando a eficácia do pouco que se pode fazer nas nossas subprefeituras, que, além da falta de recursos, está à mercê dos caprichos do prefeito e dos desmandos de seu partido, qualquer que seja ele. 
As associações de moradores lamentam, indignadas, a repetição dessa arbitrariedade, que, além de absolutamente autoritária, resulta em instabilidade administrativa e prejuizos à população.

BRUNO RIBEIRO
21 Outubro 2015 | 10:26

Partido fica rachado após medidas recentes que tiraram dele três cargos-chave do primeiro escalão municipal; encontro será nesta quinta

O prefeito Fernando Haddad (PT) publicou nesta quarta-feira, 21, portarias demitindo os subprefeitos de Santana, Carlos Roberto Candella, e de Santo Amaro, e Valderci Malagosini Machado. A medida despertou a fúria da bancada do PMDB da Câmara Municipal, que marcou uma reunião amanhã para decidir se desembarca de vez do governo. As demissões ocorrem um dia após a demissão do secretário de Segurança Urbana, Ítalo Miranda Júnior, também do partido.
A reunião marca um racha no partido. A dificuldade é que dois dos secretários mais próximos de Haddad, Gabriel Chalita (Educação) e Luciana Temer (Assistência Social) são do PMDB, e sofrerão pressão dos peemedebistas para entregar os cargos.
Para a Prefeitura, as divergências políticas com o partido são questões secundárias e as três demissões dessa semana foram baseadas em técnicas. No caso de Santana, a Controladoria-Geral do Município (CGM) publicou nesta terça-feira, 21, um relatório de 64 páginas apontando diversas irregularidades no órgão.

A bancada do PMDB faz outra leitura. O partido quer lançar candidato próprio na eleição do ano que vem e teria avisado Chalita, no sábado, que a candidata seria Marta Suplicy, definindo a ruptura de acordo que tinha com Haddad para apoiá-lo e lançar Chalita como vice. Ao saber da decisão, Haddad teria partido ao ataque, segundo peemedebistas.
Porém, antes da eleição, há uma questão mais imediata. Para os peemedebistas, Haddad decidiu atacá-los após a votação da retirada das travas do IPTU para imóveis ociosos, aprovada pela Câmara no fim do mês passado. Dos quatro vereadores do partido na Câmara (Nelo Rodolfo, Ricardo Nunes, George Hato e Rubens Calvo), só Calvo votou a favor do texto.
“O que o Haddad fez foi totalmente político. Atacou dois vereadores para garantir o apoio dos outros dois. O Calvo só votou com eles no caso do IPTU porque não aguentou a pressão do (secretário de Relações Governamentais) José Américo”, diz um membro da bancada. Nelo Rodolfo havia indicado o subprefeito de Santana. Ricardo Nunes, o de Santo Amaro.
“Antes, o subprefeito de Santana era o melhor da cidade. Agora, apareceu até relatório contra ele. Tem gente que, na hora da verdade, entra em desespero, age por impulso, como o PT faz na esfera federal. Tem gente que mantem a tranquilidade. Estou tranquilo”, disse Nelo Rodolfo.
O PMDB municipal marcou uma reunião na próxima segunda-feira, 26, às 11 horas, para decidir como o partido se comportará até o fim do ano. No começo desta quarta, a reunião estava previamente marcada para a quinta. Chalita é o presidente do diretório municipal, mas os vereadores têm a maioria dos votos. “Ou o partido não toma nenhuma decisão neste ano, ficando quieto mas agindo de forma independente na Câmara, ou decide sair já”, diz integrante do partido.
“O que as pessoas não entendem é que não adianta só o apoio político. Os casos que levaram a essas demissões eram graves. Com o Haddad, não tem esse tipo de negociação. Ele não admite e ponto. O fator político até conta, mas não é o caso. Se o partido saísse da base mas Santana tivesse uma tremenda administração, ninguém saia. Mas não era o caso”, disse um auxiliar próximo ao prefeito.


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